terça-feira, 16 de junho de 2009

Ponto de Equilíbrio

A relação interior x exterior, encontrada em toda edificação construída pelo homem, busca sempre suprir a necessidade primária de sua existência externada no ato de edificar: proteção, isolamento, guarda, tanto física quanto psicológica, para aqueles que ali estão ocupando e utilizando o ambiente criado. Essa relação nem sempre acontece de maneira compreensível, pois existem fatores que fogem a esses conceitos. Os valores estéticos, a necessidade de comunicação, a experimentação constante, o desenvolvimento e evolução, podem ser considerados como elementos básicos para facilitar a compreensão dessa relação.

Robert Venturi, no seu texto “Complexidade e Contradição na Arquitetura”, explana sobre o assunto, demonstrando de forma clara e concisa que as diversas formas de entender essa relação foram apreciadas em todas as suas nuances e ainda hoje, na nossa contemporaneidade, pode-se observar essa constante busca como maneira de legitimação de uma mensagem.

Contudo, sabemos que todo homem busca, mesmo no conflito, o que realmente lhe traz alegria e pode-se dizer, com certa afirmação, que tal posição seria encontrada numa situação de “ponto de equilíbrio”, onde tanto o interior como o exterior, possa carregar suas informações ou linguagens, de maneira satisfatória para aquele que a busca ou até mesmo para todo um período da historia.

Como comparativo dessa relação, analisemos duas edificações bastante diferentes, mas que trazem essa “linha tênue” de forma clara demonstrando o que está sendo exposto. Onde começa e onde termina o exterior/interior e de que maneira isso se dá nessas edificações.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

N-Museu

O N-Museu é situado numa pequena cidade, Wakayana, a três horas de Tokyo, onde é um vale e fica cercado por montanhas. O museu fica ao lado de um rio que flui no vale. Este museu, N-Museu, é um marco reconhecível.


Planta de Situação


Vista do N-Museu, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa.



Segundo, o texto de Robert Venturi mais precisamente do capitulo Exterior e Interior, “O espaço fluente produziu uma arquitetura de planos horizontais e verticais afins”... ”Marcada por áreas de ligação de vidro plano”.

Fachada do N-Museu, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa.


A composição necessária foi baseada no comprimento da parede do espaço geral da exposição a fim de adquirir esses espaços, e por sua vez, evidente a parede externa é o conjunto da própria edificação, sendo também o plano vertical da parte interna, ou seja, a continuidade do interior passou automaticamente para o exterior.

Espaço de planos verticais e com planos de vidro.

Toda a sua circulação ocorre por corredores que facilitam a circulação pelo prédio e a integração do interior com o exterior, além de haver o convite e a prática de atividades ao ar livre, não comprometendo a função de exposição das salas permitndo uma continuidade visual. Esse ponto, a amplitude visual, é bastante fortalecido por causa de suas vedações verticais feitas com um vidro trabalhado, quase fosco que permite a privacidade, ao mesmo tempo em que libera a entrada de luz e cor para dentro do prédio. Os outros metais utilizados são a pedra, e o metal, que tem o nome do museu impresso em toda a sua extensão, marcando como um sinal do ambiente através desse elemento.

N-Museu

“A contradição entre o interior e o exterior pode manifestar-se num revestimento solto que produz um espaço adicional entre o revestimento e a parede externa.”

De acordo com afirmação acima descrita, é algo oposto que ocorre na edificação do N-Museum, pois os próprios arquitetos gostam de trabalhar com os mesmos materiais e elementos, e com isso não contrasta uma diferença de riqueza dentro e fora da mesma, e sim complementam essa obra, dando a qualidade necessária, para a textura, leveza e tamanho da mesma.


Fachada do Museu, apresentando os mesmos materiais.



O lado do vidro faz o movimento do S no museu vem à superfície como a da silhueta naturalmente.


Movimento do “S”


Outro fator interessante é a simplicidade das formas, atingida através da ortogonalidade predominante e da total abstenção de elementos de ornamentação, bem ao estilo minimalista dos orientais, em que o uso de materiais contemporâneos demonstra toda a altiveza dessa geração. Conseguindo assim uma continuidade do exterior para o interior, fortalecendo esse equilíbrio e permitindo que haja certa “agradabilidade” no conjunto quando apreciado dos dois pontos de vista. Nesse caso, podemos dizer que de certa forma, o interior reflete o exterior e vice-versa, e que a “linha tênue” antes citada, está apenas levemente representada pelas paredes translúcidas. Cabe ainda salientar que o conjunto da obra, está inserido com o contexto local, também em função dos materiais utilizados, compondo a paisagem e reafirmando todo o ambiente.


“... o espaço interno e o espaço externo podem ser mais ou menos contrastantes em forma, posição, padrão e tamanho.”


Planta Baixa



Interior do Museu




Corte

Esse edifício tem como objetivo de abrigar e exibir seus trabalhos de artistas locais, e ao mesmo tempo ser um local de encontro para interação social. Essa é a relação do individualismo e a sociedade, espaço e programa.


Palácio Kursaal

O palácio está situado na costa do mar Cantábrico, no norte da Espanha, e distribuída ao redor da Baía de la Concha, San Sebastian está cortada ao meio pelo rio Urumea. San Sebastian é um centro do movimento político e o núcleo do renascimento cultural basco, com festivais de cinema e música. É uma arquitetura tipicamente uma vocação anti-moderna, entendida como "estilo internacional" e “tecnocrático”.


Vista aérea da edificação Palácio Kursaal


“Por vezes, a contradição não é entre o interior e o exterior, mas entre o topo e a base do edifício”... "o exterior depende mais de escala do que de forma e textura.”


Avistando o edifício pelo eixo principal percebe se logo o impacto dos grandes volumes do Kursaal, isto é exteriormente é uma relação à escala da cidade, isso ocorre também por conta da expansão com o tempo.

Vista do Palácio Kursaal

Palácio Kursaal

A contradição entre o interior e o exterior pode manifestar-se num movimento solto que produz um espaço adicional entre o revestimento e a parede externa.”

Os materiais no lado externo são sólidos e opacos, transmite uma sensação de difícil acesso. Acontecem ao contrário, na parte interna, os materiais que se encontram favorecendo sensações de conforto e calor, como a pedra e a madeira. A intenção do arquiteto, é que o público se de conta que existem espaços abertos, e fácil acesso para circulação e são disposto a diversas atividades.

Fachada do Palácio Kursaal

Os materiais utilizados na sua construção, aço e vidro prensado e fosco, além de proteger a edificação dos ventos carregados de salitre, iriam permitir a completa mimetização com as cores emanadas da praia. Cores ocres e pastéis. Desta forma, se integraria completamente ao contexto local. Contudo, à noite, quando tudo se escurece, a forma como o prédio é visto muda completamente onde um jogo de luzes e movimentos cênicos, destaca o Centro da escuridão da noite.

Parte Interna do Palácio Kursaal


A sensação no interior do prédio é bastante agradável, pois a luz que o invade, através de suas paredes semi-translúcidas, cria uma atmosfera efêmera e bastante amena. A luminosidade se espalha de forma indireta, permeando todos os ambientes públicos e circulações nos diversos níveis do edifício. Outra característica marcante são as poucas aberturas nas paredes, que se verificam em função da proteção contras as intempéries marítimas e climáticas.







Postado por Jamille Schmidt e Nilson Gomes às 21:40 0
comentários :

_______________________________________________________



CONCLUSÃO

Nesse caso, a relação interior/exterior é bastante explícita, pois, diferentemente do N-Museum, a maneira como se dá essa relação é bem mais marcante.
Levemos em consideração também o tamanho dos prédios que, em relação ao contexto, se mostram bem diferentes em termos de escala e que com isso, criam um contraste ainda maior para essa comparação. Ainda pode-se ter um pouco de visibilidade no museu japonês, haja vista a sua função de integração da comunidade local, o que não é visto em hipótese nenhum no centro espanhol, devido o seu caráter empresarial.

Seu programa também se mostra mais extenso, onde se contempla ambientes como auditórios, sala de conferências, salas de reuniões, átrios e circulações diversas, salas de exposição e salas de música, além de toda uma infra-estrutura de apoio como rehearsal rooms, camarins para a orquestra de músicos, atores e diretores, biblioteca e partituroteca, depósitos.
Nestes últimos, localizados no porão, houve a preocupação de permitir que fossem ventilado e iluminado de maneira zenital, assegurando assim as suas condições de conforto durante o trabalho dos funcionários. Possui ainda um amplo estacionamento, com uma alameda de lojas de conveniência e um grande restaurante no terraço, o Kursaal Martín Berasategui, de onde se é possível ter uma ampla visão da cidade.

Desta forma, pode-se dizer que a relação interior/exterior encontrada nos dois edifícios, ao mesmo tempo em que é similar, devido à utilização de matérias similares e uso da luz como forma de integração e ligação, existem diferenças gritantes no que tange a continuidade e igualdade entre esse dois ambientes em cada um dos prédios analisados.


Referencias

Complexidade e contradição em arquitetura ("O interior e O exterior")
Robert Venturi - Site de busca Google Imagens

Museu Kursaal



Vista em 3d dinâmico do interior
http://www.ssconvention.com/imagenes/KursaalH.mov

domingo, 7 de junho de 2009

Rafael Moneo


Arquiteto espanhol nascido em Tudela no dia 9 de maio de 1937. Conclui o curso de Arquitetura na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madrid, em 1961. Realizando vários projetos como o Projeto Urumea em 1969, um edifício de apartamentos localizado em San Sebastian.

Adquiriu a visibilidade internacional, em 1976, ao participar nos Estados Unidos, e lecionar na Escola de Arquitetura Cooper Union. Passando por um período em Harvard além de viajar durante um mês para desenvolver o projeto da Estação de Trem Atocha.


Transferindo seu escritório de sua casa para um edifício próximo, Moneo, desenvolveu projetos que se destacaram ganhando diversas competições entre eles: a Sala de Concertos e Centro Cultural Kursaal em San Sebastian e o Museu de Arte e Arquitetura em Estocolmo.


Na atualidade, Moneo continua trabalhando com uma arquitetura, leciona em Harvard, além de desenvolver trabalho como conferencista, crítico e teórico de arquitetura.


Kazuyo Sejima + Ryue Nishizawa - S A N A A



Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa têm trabalhado juntos sob o nome do SANAA, desde 1995.
Sejima estudou Arquitetura no Japão, na Universidade Japan Women's, lançou sua prática em 1987, e foi nomeada como “arquiteto novo do ano”, no Japão em 1992.
Nishizawa estudou Arquitetura na Universidade Yokohama Nacional. Além do seu trabalho com Sejima, também manteve sua prática independente desde 1997.